domingo, 19 de junho de 2011

Marcha das Vadias - Protesto contra Machismo e Violência Sexual





Slutwalk – A Marcha das Vadias foi criado após um representante da polícia do Canadá ter declarado (em uma palestra sobre segurança numa universidade!) que as mulheres deveriam evitar se vestir como vadias para não serem vítimas de estupro. Diante de uma declaração machista como esta, as estudantes decidiram protestar, criando um movimento  organizado na internet, que começou no início de abril com o protesto de Toronto e  se espalhou por várias cidades do mundo: Los Angeles, Chicago, Edmonton, Estocolmo, Amsterdã, Edimburgo e muitas outras. A primeira do Brasil rolou em São Paulo e ontem aconteceram manifestações em Recife, Belo Horizonte e Brasília. 


"Marchamos porque desde muito novas somos ensinadas a sentir culpa e vergonha pela expressão de nossa sexualidade e a temer que homens invadam nossos corpos sem o nosso consentimento; marchamos porque muitas de nós somos responsabilizadas pela possibilidade de sermos estupradas, quando são os homens que deveriam ser ensinados a não estuprar; marchamos porque mulheres lésbicas de vários países sofrem o chamado “estupro corretivo” por parte de homens que se acham no direito de puni-las para corrigir o que consideram um desvio sexual; marchamos porque ontem um pai abusou sexualmente de uma filha, porque hoje um marido violentou a esposa e, nesse momento, várias mulheres e meninas estão tendo seus corpos invadidos por homens aos quais elas não deram permissão para fazê-lo, e todas choramos porque sentimos que não podemos fazer nada por nossas irmãs agredidas e mortas diariamente. Mas podemos."



Enfim, o fato de ser considerada vadia não dá o direito ao homem de estuprar a mulher. Realmente não restam dúvidas de que o distúrbio mental vem da parte do agressor e não das nossas peças de roupas!  Mas quantas vezes já ouvimos: “usando essa sainha e esse decote essa garota ta pedindo para ser estuprada”?

É errado a sociedade dizer "mulher, cuidado para não ser estuprada" em vez de "homem, não estupre", mas ouvimos isso toda hora.  Acho legal tb lembrar do caso da Elisa Samudio. A mídia tentava justificar o ato com informações de que ela era uma garota de programa, que adorava sair com vários jogadores, que fazia flimes pornôs e talz... Como se isso diminuísse o fato dela ter sido morta daquela maneira...  O lance é não culpar/responsabilizar a mulher pelos atos de covardia que ela sofre da sociedade machista.


Exatamente para combater essa cultura que responsabiliza a vítima feminina pela agressão surgiu esse protesto pelo direito das mulheres de se vestir, andar e agir de forma livre. Sim, vamos continuar nos vestindo do jeito que quisermos.  Sempre!!! E isso não é um convite ao estupro!


Sobre a polêmica da escolha do nome:
Historicamente o termo “vadia” carrega uma conotação extremamente negativa, cujo peso recai inteiramente sobre as mulheres, sendo uma séria acusação sobre seu caráter. A intenção por trás da palavra é sempre ferir. O objetivo da marcha é ressignificar o termo “slut”, apropriando-se e mostrando que numa sociedade machista todas somos vadias e vagabundas:


"Marchamos para dizer que não aceitaremos palavras e ações utilizadas para nos agredir enquanto mulheres. Se, na nossa sociedade machista, algumas são consideradas vadias, TODAS NÓS SOMOS VADIAS. E somos todas santas, e somos todas fortes, e somos todas livres! Somos livres de rótulos, de estereótipos e de qualquer tentativa de opressão masculina à nossa vida, à nossa sexualidade e aos nossos corpos. Estar no comando de nossa vida sexual não significa que estamos nos abrindo para uma expectativa de violência, e por isso somos solidárias a todas as mulheres estupradas em qualquer circunstância, porque foram agredidas e humilhadas, tiveram sua dignidade destroçada e muitas vezes foram culpadas por isso. O direito a uma vida livre de violência é um dos direitos mais básicos de toda mulher, e é pela garantia desse direito fundamental que marchamos hoje e marcharemos até que todas sejamos livres".







Portanto, termo vadia pode ser usado de uma maneira que foge da proposta, com ar pejorativo e/ ou depreciativo, mas a intenção é mostrar que as mulheres são livres para terem o comportamento que quiserem. Poderiam chamar de Marcha das Mulheres Livres, mas não teria tanto impacto na mídia. É a expressão VADIA que choca e chama atenção da sociedade.
Pense nisso!




Quer saber mais??? Acesse: 


Território Coletivo
Marcha das Vadias - DF
Centro de Mídia Independente




OBS: Todas as fotos que ilustram esse post foram retiradas de sites na internet.

2 comentários:

Júlia Mello disse...

Muito bom! Sabia que vc ia gostar da causa! Que isso abra os olhos das pessoas que têm esse comportamento preconceituoso, mesmo "sem querer". E principalmente, que escancare de uma vez por todas o machismo imbecil que domina nossa cultura!

Luz disse...

Ana, só os grandes conseguem se preocupar com a maioria.

Tratar do machismo numa sociedade masculina é correr riscos. Sempre há preconceito maior acima do preconceito, vão nos chamar de devassas, de radiciais, de pouco femininas, de barraqueiras, de desviadas, ... e uma porção de besteiras. Como se isso fosse importante.
O que importa na verdade é que nada cale a nossa voz, e que com a ação política e social, as mulheres consigam evoluir modos de pensar e agir e quebrar modelos cristalizados de conduta.

Faz muito tempo que a sociedade evoluiu e que deixamos de ser própriedade de pais, maridos, homens. Dominío cabe a cada ser por si mesmo, somos livres!